quarta-feira, 28 de julho de 2010

Piercing


"Piercing", uma novidade? O "piercing"  é utilizado a alguns séculos por civilizações antigas como no Egito, Índia, África e outros povos, por razões religiosas, culturais, políticas e como adorno. No mundo moderno eles ganharam força através do movimento "hippie" dos anos 60 e 70, posteriormente pelos "punks" nos anos 80 e 90. Em meados dos anos 90, o "piercing" ganhou espaço entre os adolescentes no Brasil. Um aspecto interessante do usuário deste adorno, é que normalmente a  pessoa coloca vários "piercings" espalhados. A colocação na boca tem crescido nos últimos tempos, podendo provocar uma série de complicações.
Na boca, as regiões onde mais se coloca o "piercing" são a língua e o freio lingual. Outros locais, como o lábio inferior, são áreas anatômicas menos utilizadas, em função do desconforto provocado pelo metal. Os "piercings" são geralmente feitos de titânio, ouro ou aço cirúrgico,. Esses materiais apresentam boa biocompatibilidade, especialmente o titânio, usado inclusive nos implantes dentários. 
Os riscos: São vários os malefícios provocados pelo uso dos "piercings" na boca e mais especificamente na língua, onde ele é mais usado. Do ponto de vista local, os "piercings" podem provocar alergias, fratura nos dentes, periodontites, halitose (mal hálito), infecções locais, inflamação severa da língua, alteração da fala, trauma no palato, hemorragias e outras conseqüências que estão sendo pesquisadas. A literatura faz citações de hemorragias intensas quando da colocação dos "piercings". Por outro lado a literatura internacional relaciona o "piercing" com hepatite, cefaléia, tétano, asfixia, choque anafilático, septicemia, endocardite e até mesmo AIDS.
Em recente publicação da clínica Mayo de Rochester (USA), foi relacionado o uso de "piercing" bucal com endocardite infecciosa. Em um trabalho realizado na Alemanha, em 2000, com 273 pessoas portadoras de "piercings" na boca, foram verificadas alterações em 25% dos casos. A revista odontológica americana "JADA" de maior credibilidade no mundo, em janeiro de 2001, relaciona o "piercing" na boca com hepatite B, C, D, G, AIDS e endocardite. A escola de Odontologia de Nova Jersey publicou na revista General Dentistry (2001) um artigo intitulado "Piercings podem provocar doenças fatais".
Câncer bucal: é bom esclarecer que o câncer bucal está relacionado a condições multifatoriais, como o fumo, álcool, agentes biológicos, resistência do hospedeiro, entre outros fatores, e o trauma crônico. Neste particular, a participação agressiva do "piercing", que é um trauma crônico, é fundamental. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) coloca o trauma crônico como um fator cancerizável. É inquestionável que para quem fuma, bebe e usa "piercing" as chances de câncer aumentam.

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